Testes de Segurança: Protegendo o Software e o Ambiente contra Vulnerabilidades
No cenário digital atual, em que dados são ativos valiosos e as ameaças cibernéticas são constantes, a segurança do software deixou de ser opcional e passou a ser um requisito essencial de qualidade.
Para o Analista de Testes (QA), ir além dos testes funcionais e de desempenho e mergulhar nos testes de segurança é fundamental para proteger aplicações, usuários e informações.
Neste artigo, vamos entender:
- O papel do QA na segurança.
- Vulnerabilidades mais comuns (OWASP Top 10).
- Técnicas práticas de teste.
- Ferramentas que auxiliam no processo.
Segurança em Múltiplas Camadas
A segurança precisa ser analisada em diferentes níveis:
- Segurança do Software (Aplicação): envolve vulnerabilidades no código, APIs, lógica de negócio e interação com o usuário. Exemplos: falhas de autenticação, injeção de SQL e configuração incorreta.
- Segurança do Ambiente (Infraestrutura): envolve servidores, redes, bancos de dados, contêineres e sistemas operacionais. Inclui firewall, patches, permissões de acesso e criptografia de dados.
👉 Aqui, o QA pode atuar como um hacker ético (white-hat), simulando ataques controlados para encontrar falhas antes de invasores reais.
OWASP Top 10: Guia de Referência
O OWASP (Open Web Application Security Project) é uma das principais comunidades sobre segurança de software. Seu documento OWASP Top 10 lista as vulnerabilidades mais críticas em aplicações web:

- Quebra de Controle de Acesso – acesso indevido a recursos restritos.
- Falhas Criptográficas – dados sensíveis expostos por falhas em criptografia.
- Injeção (SQL/NoSQL) – comandos maliciosos enviados para a aplicação.
- Design Inseguro – falhas originadas em más escolhas de arquitetura.
- Configuração de Segurança Incorreta – permissões e padrões inseguros.
- Componentes Vulneráveis – bibliotecas/frameworks desatualizados.
- Falhas de Autenticação – comprometimento de credenciais de usuários.
- Falhas de Integridade de Software/Dados – manipulação de builds e pipelines inseguros.
- Falta de Logs/Monitoramento – dificulta a detecção de ataques.
- SSRF (Server-Side Request Forgery) – envio de requisições maliciosas.
Para cada item, o QA deve aprender técnicas de detecção e exploração em ambiente controlado.
Exemplos de Testes Práticos
🔐 Testes de Autenticação
- Quebra de credenciais: senhas fracas ou padrões (admin/admin).
- Bypass de autenticação: acesso a áreas restritas sem login.
- MFA (autenticação multifator): validar se o processo é seguro.
- Gerenciamento de sessão: tokens previsíveis ou que não expiram.
🎯 Testes de Autorização
- IDOR (Insecure Direct Object Reference): manipulação de IDs em URLs para acessar dados de outros usuários.
- Escalada de privilégios: tentar obter acesso administrativo a partir de uma conta comum.
💉 Testes de Injeção
- SQL Injection:
' OR 1=1 --
em campos de login. - NoSQL Injection: operadores como
$ne
ou$gt
em consultas MongoDB. - Command Injection: comandos no servidor via entrada não validada (
& ls
,| cat /etc/passwd
).

Ferramentas para Testes de Segurança
- Proxies de Interceptação: OWASP ZAP, Burp Suite (Community).
- Scanners:
- SAST (código-fonte): SonarQube.
- DAST (execução): ZAP, Burp, Tenable.io.
- Ferramentas de Pentest: Kali Linux, Nmap, sqlmap.
- Ambientes vulneráveis para prática: OWASP Juice Shop, WebGoat, bWAPP.
Atividades para o QA Praticar
- Configurar um ambiente vulnerável (Juice Shop, WebGoat).
- Realizar ataques de injeção controlados.
- Testar autenticação e autorização (tentativas de bypass e IDOR).
- Usar OWASP ZAP para interceptar e modificar requisições.
- Criar relatórios de vulnerabilidade com:
- Descrição do ataque.
- Passos de reprodução.
- Impacto potencial.
- Sugestões de mitigação.
Conclusão: Segurança é Contínua
Testes de segurança não devem acontecer apenas no fim do projeto.
Eles precisam estar presentes em todo o ciclo de desenvolvimento de software (SDLC), integrados em práticas de DevSecOps, garantindo que cada release seja validada contra riscos reais.
👉 Ao aplicar essas práticas, o QA fortalece sua atuação como guardião da qualidade, indo além de bugs funcionais e assumindo papel estratégico na proteção de negócios e usuários.